As Plantas Enteógenas

O uso das plantas alucinógenas, psicodélicas, ou enteógenas, como atualmente também são denominadas, remontam a mais remota antiguidade. Uma prova disto são os relatos do Rig Veda, a mais antiga escritura religiosa do mundo sobre o uso cerimonial do Soma, uma bebida mágica de fortes poderes intoxicantes . Muitos estudiosos já se dedicaram ao estudo do soma e a tentativa de identificar os seus componentes. As hipóteses vão desde o fungo muscaria siberiana, passando pelos psilocíbicos e até mesmo mais recentemente com a peganum harmala, a arruda síria da qual foi identificada pela primeira vez o alcaloide harmalina, um dos componentes do cipójagube usado na preparação do Santo Daime.

Outra ocorrência histórica do uso destas substâncias enteógenas dentro de um contexto religioso que remonta também à antiguidade clássica na Grécia são os mistérios eleusinos. Na ocasião destes ritos, dedicados a deusa Demeter, eram realizadas peregrinações ao templo a ela dedicada, próximo a cidad de Eleusis. O ponto culminante dos festejos era uma grande cerimônia onde era distribuída uma bebida a base do fungo do esporão do centeio ( claviceps purpurae), uma espécie de LSD natural. Nestes ritos se revivia a história de Perséfone, filha da Deusa Demeter, que segundo a mitologia clássica tinha sido raptada por Hades, Deus da morte

Alguns autores chegam a desenvolver a tese de que estas substâncias foram incorporadas na dieta humana em tempos tardios, no remoto neolítico e talvez tenham tido influência na ativação das funções superiores do neocortex cerebral e contribuído com estímulos e insigths  na formação da autoconsciência nos membros da espécie humana.

Esta seria inclusive a origem da simbologia judaico cristã do fruto proibido e do pecado original . Quando Eva aceita a maçã da serpente, instaura de alguma maneira a autoconsciência humana , a cisão entre o bem e o mal, o natural e o social, obrigando  homem e a mulher a assumirem o livre arbítrio e a incipiente humanidade a iniciar sua marcha histórica.

Esta é uma hopótese bastante pertinente, quando se sabe hoje a importância da química cerebral e no funcionamento da mente, assim como sua influência nos padrões de comportamento e também na alteração destes padrões.

Muitas destas substâncias psicoativas retiradas do reino vegetal ou mesmo animal são muito semelhantes em sua estrutura molecular aos chamados psicotógenos endógenos, presentes nos organismos humanos. Parece que esta intimidade com que os seres humanos conviveram com estas substâncias psicoativas foi deixando de fazer parte da nossa cultura, até o ponto delas sofrerem rígido controle, descriminação e mesmo perseguição.

Isto não afetou a relação de consumo consentida de substâncias psicoativas como o etanol,  nicotina, sacarose e cafeína , em oposição a outras que foram consideradas ilícitas. Algumas delas, como os opiáceos e a cocaína sem dúvida podem causar dependência e dano para a saúde.

Nos últimos 50 anos houve um grande revigoramento deste tipo de pesquisa, principalmente relacionado com o estudo do cérebro (como no caso dos sonhos), da mente, da consciência , da doença mental, etc.

Dentre estas substâncias, existem duas categorias principais: as triptaminas e as betacarbolinas. Estes dois compostos e outros derivados são os que nos interessam aqui, por serem as principais componentes da bebida ayahuasca , Daime ou Santo Daime.

fonte: www.santodaime.org (Céu do Mapiá – AM)

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